Você é livre para ser quem é? Ou se sente limitado(a), preocupado(a) com a opinião alheia, com a necessidade de ser aceito(a), o medo de ser rejeitado(a)?
Ser quem somos é a maior liberdade a que temos direito. Mas, essa liberdade exige uma boa dose de coragem. Como disse Rubem Alves, "liberdade é coragem para ser quem somos. É preciso coragem para ser o que se é."
Quando crianças, aprendemos a nos reprimir ou a negar partes e sentimentos nossos, por medo de não pertencer, de deixarmos de ser amados(as), de sermos rejeitados. Nascemos dependentes, precisamos de alguém que nos cuide. Então, pertencer e ser amado(a) passa a ser uma questão de sobrevivência para a criança, que vai, nessa relação com o outro, criando uma identidade, uma forma de ser, estar e agir no mundo.
A questão é que, nesse processo, geralmente abrimos mãos de parte de quem somos, por medo de desagradar ao outro ou de ficarmos sozinhos. Aprendemos que não somos aceitos incondicionalmente pelo que somos, que precisamos vestir máscaras para nos relacionarmos. E isso pode causar uma desconexão com nossa essência, uma distância entre o que somos de fato e o que expressamos aos outros.
Muitas vezes, tentamos agir diferente da nossa essência para caber em grupos e espaços, como alguém que tenta caber numa roupa ou sapato que não lhe serve, para sermos queridos(as) e considerados(as) "boa gente". Mas deixar de expressar a verdade de quem somos tem um preço alto demais. Negamos nossa verdade e beleza, deixamos de dar ao mundo nossos talentos e abrimos mão de sermos reconhecidos(as) por isso. Acabamos vivendo de forma limitada, sem expressar plenamente quem somos. Vivemos uma vida de mentira, sem plenitude, com relações e vínculos frágeis, superficiais, construídos sobre uma imagem que não condiz com quem realmente somos.
Com isso, pode vir a insegurança sobre se seríamos realmente amados(as) se os outros nos conhecessem de fato, o incômodo de não estarmos sendo honestos(as) conosco e com os outros, a tristeza, a tensão de sempre se policiar para esconder a própria sombra ou mesmo doenças físicas que, ao longo do tempo, o desacerto com a própria essência pode trazer. É a forma de o corpo nos alertar para o fato de que nos afastamos de nosso caminho.
Isso não quer dizer não devemos nos controlar ou refletir sobre o que falamos ou sobre nossa forma de agir e de falar com o outro. Tentarmos melhorar continuamente, termos cuidado com o outro faz parte da evolução humana. Mas controlar-se em determinados momentos ou escolher a forma de falar a verdade sem machucar desnecessariamente o outro é diferente de negar os próprios sentimentos, de se esconder, de não admitir e aceitar todos os lados de quem somos. É tentar ser melhor a cada dia, fazendo escolhas mais conscientes, movidas cada vez mais pelo amor e menos pela reatividade, mas nunca deixando de ser quem se é.
Polir uma pedra bruta é diferente de tentar fingir que é uma outra pedra, de natureza distinta. O polimento que vamos conquistando com a vida faz com que nosso brilho natural possa resplandecer ainda mais e que nossos pontos mais ásperos possam ser suavizados. Uma turquesa nunca será um quartzo rosa e um quartzo rosa nunca será uma turquesa. Cada um tem sua beleza e essência, que pode ser lapidada e energizada, mas não trocada. Da mesma forma acontece conosco. Podemos melhorar nossa "versão", num processo contínuo de autoconhecimento, mas precisamos honrar nossa essência, pois só podemos ser quem somos.
Então, talvez seja a hora de se perguntar o que te impede de se expressar. A a vida que você tem hoje, as escolhas que fez até agora e tudo que construiu até aqui estão de acordo com o que você realmente é e quer? Fazem seus olhos brilharem, expressam a verdade do seu coração? São reflexo de quem você realmente é? Se a resposta for "não", vale a pena olhar que sentimentos ou crenças estão impedindo você de ser quem realmente é, de fazer escolhas diferentes e de ter uma vida mais afinadas com a sua essência. A terapia e a meditação são excelentes intrumentos para ajudar você nesse processo.
Comments